terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Mariana!

Mariana procura em todos os cantos e recantos do corpo os vestígios de um pedaço de alma. Corre com a urgência de quem busca o colorido. O azul da alegria, o laranja do riso, o rosa choque da gargalhada, o verde da esperança no sorriso do horizonte. Sobe e desce vezes sem conta, abre e fecha garagens e arrecadações da sua constituição, e tudo o que lhe surge à frente tem uma cor acinzentada e triste. É como se a alma tivesse entretanto ganho bolor, o bolor próprio do que há muito tempo se encontra fechado, sem acesso ao nascer do Sol, a passeios à beira mar, sem sentir no ar que entra nos pulmões o sabor à maresia, própria de uma manhã de Verão, com tanto de quente como de fresca.
Esgotada por uma corrida exigente, sem percurso previamente traçado ou pelo menos conhecido, e sem meta à vista, Mariana sente-se derrotada ao experienciar no corpo os primeiros pingos de chuva do que se adivinharia ser uma tempestade. Nos quilómetros já percorridos, Mariana sentira o vento adverso. Resistia com uma força cuja origem muitas vezes desconhecia, por vezes quase caía, mas nunca havia tombado..... (continua)